Localizada no meio do Sertão de Crateús, no distrito de Balseiros, zona rural de Ipueiras, a, pelo menos, 21 km da sede do município e a cerca de 320 km de Fortaleza. Rodeada por vasta vegetação típica e estradas de terra. É em meio a esse cenário que está a Escola Família Agrícola (EFA) Padre Eliésio dos Santos, melhor escola pública estadual do ensino médio do Brasil, de acordo com o resultado do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) 2023.
Com uma de suas paredes enfeitada com os dizeres “Educação no campo: direito nosso, dever do estado e compromisso com a comunidade”, a EFA Padre Eliésio dos Santos aposta em um ensino aproximando o campo, a família e a escola para obter bons resultados, como o reconhecimento nacional com o Ideb 2023.
“A nossa escola é uma Escola do Campo, no campo. É uma grande alegria sabermos que estamos contribuindo para o futuro dos jovens do campo e da cidade. É um trabalho de muitas mãos, muitos rostos, muitas pessoas envolvidas. Somos uma equipe de trabalho incansável, comprometida, dedicada e esforçada com o processo de aprendizagem de cada um”, compartilhou Lucélia Galvino, diretora da EFA Padre Eliésio dos Santos. “Ficamos encantados que o jovem do campo está tendo a oportunidade tanto quanto quem mora na cidade. Isso foi uma luta e uma conquista para nós, que moramos no semiárido nordestino”, completou.
A escola, com seis turmas de Ensino Médio e 104 alunos matriculados, atendendo educandos dos nove municípios da Coordenadoria Regional de Desenvolvimento da Educação de Crateús (Crede 13), realiza seu trabalho baseando-se em quatro pilares: formação integral dos educandos; o associativismo, movimento sustentável e a pedagogia da alternância.
“Aqui promovemos uma educação contextualizada dos nossos educandos e educandas, integrada ao curso técnico de Agropecuária. Na escola buscamos esse aprendizado integral”, comentou a diretora.
Os municípios atendidos são Ararendá, Crateús, Catunda, Independência, Ipaporanga, Ipueiras, Monsenhor Tabosa, Nova Russas, Novo Oriente, Poranga e Tamboril.
Responsabilidade entre escola e casa
O ensino que sai do tradicional é a grande aposta para os resultados da unidade escolar. Em um ambiente que junta vegetação, animais e ensino, a EFA, criada em 2017, funciona no formato “internato” e tem como base a “Pedagogia da Alternância”, que une a educação escolar com a realidade vivida no campo, promovendo uma troca de conhecimento entre esses elos da vida dos estudantes.
Neste formato de ensino diferenciado, o estudante fica uma semana na escola, de forma ininterrupta, e logo depois o mesmo tanto de tempo em casa – em suas comunidades. Apesar de não estarem no ambiente escolar, as atividades não param, pois os estudantes passam todo o tempo com suas atividades sendo acompanhadas por professores-monitores.
“Somos uma escola que se divide em seis turmas, e essas turmas se subdividem em tempos diferentes, chamados ‘tempo escola’ e ‘tempo comunidade’. Então passamos a semana inteira com estudantes aqui, chegam na segunda-feira e só vão embora na sexta-feira, e durante esse tempo tem uma rotina puxada de acompanhamento e disciplina. Então, eles têm atividades escolares de manhã, de tarde e de noite”, explicou o coordenador pedagógico da EFA, Cassiano Oliveira.
Para o coordenador, a disciplina e o foco, são também diferenciais da instituição. “Uma das atribuições do nosso resultado é a disciplina, o foco. Porque todo o tempo pedagógico é aproveitado”, comentou. “Somos uma escola do campo, mas somos da rede estadual, trabalhamos com todas as disciplinas gerais básicas, além das disciplinas do curso técnico”, frisou.
Em seu momento em casa, o educando trabalha com base no P.E – Plano de Estudo -, criado de forma que acompanhe as necessidades de cada comunidade na qual estão inseridos. “O P.E é feito na base de muita pesquisa. É pesquisada a história de vida de suas comunidades, trabalhamos os resultados dessa pesquisa na escola, e aqui é feita a contextualização com os componentes curriculares e assim os educandos passam a trabalhar junto a sua comunidade”, pontuou a diretora Lucélia Galvino.
“Para além de matérias e atividades escolares tradicionais, nós trabalhamos as místicas, os serões, as noites culturais, temos um acompanhamento personalizado. Acompanhamos as famílias e o projeto de vida dessas famílias camponesas”, enfatizou a diretora. “Com isso, temos o objetivo de promover essa educação integrada do jovem do campo com a cidade, que busca desenvolver o seu protagonismo juvenil e aperfeiçoar as tecnologias de convivência com o semiárido. Para que eles possam permanecer no lugar onde eles vivem, que eles não precisem ir em busca de uma qualidade de vida na cidade grande, mas que eles possam permanecer no seu contexto local, para o bem viver do sertão cearense”, completou.
O trabalho diferenciado da instituição, se mostra, até mesmo, na nomenclatura utilizada para estudantes e professores, como explica a diretora Lucélia. “Aqui não chamamos de alunos, chamamos de educandos, porque estão em processo de formação, construindo um conhecimento. Já para os professores, utilizamos a palavra monitores, porque, para além da sala de aula, eles desempenham uma função importantíssima dentro da escola. Eles colaboram em toda a rotina da escola”, explicou.
Cada professor-monitor acompanha cinco educandos, e fica responsável por ele tanto durante a sessão escolar quanto na sessão familiar. “Nós temos uma proximidade muito grande com a família, o nome da escola já mostra isso, Escola Família Agrícola. Isso faz parte do nosso acompanhamento personalizado, cada monitor sabe qual seu estudante chegou, por que não chegou, que horas ele chega, e eles são o tempo todo acompanhados. Fazemos visitas nas famílias deles, nas cidades em que moram, no interior que eles moram para que esse processo realmente seja acompanhado de perto”, ressaltou Cassiano.
Fonte: Coordenadoria de Imprensa do Governo do Ceará – Casa Civil
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Isabella Campos – Ascom Casa Civil – Texto
Tiago Stille – Casa Civil – Fotos
Rosane Gurgel – Casa Civil