AGRONEGÓCIO
O cenário atual da pecuária brasileira mostra uma crescente participação de fêmeas no abate de bovinos, especialmente entre aqueles com menos de 24 meses. De acordo com a consultoria Athenagro, em 2024, as fêmeas representaram 43,04% do total de abates, uma leve alta em relação a 2023. A tendência é um aumento gradual, principalmente após o ciclo de retenção observado entre 2020 e 2022, o que tem gerado um impacto na produção de carne de qualidade e no padrão das carcaças.

É nesse contexto que a raça Santa Gertrudis tem se destacado como uma excelente opção para o cruzamento industrial tricross, especialmente na combinação com raças zebuínas e europeias. A Fazenda Campo Alegre, localizada em São Paulo, tem sido um exemplo de sucesso ao adotar o Santa Gertrudis em seu programa de cruzamento, com o objetivo de melhorar a qualidade da carne e obter resultados mais uniformes nas carcaças, principalmente de fêmeas.
Paulo Guimarães, da Fazenda Campo Alegre, compartilhou sua experiência com o uso do Santa Gertrudis: “O Santa foi introduzido na nossa fazenda para contribuir no aumento da qualidade e padronização das carcaças.
No último abate, os animais apresentaram um acabamento uniforme, média de 23 arrobas e 56% de rendimento de carcaça, com zero dentes, o que é um excelente indicador de precocidade sexual e boa performance na terminação.”
Com o aumento da participação de fêmeas no abate, a raça Santa Gertrudis tem se mostrado uma solução vantajosa para os pecuaristas. Isso se deve ao fato de que o Santa, além de ter excelente adaptação ao ambiente, oferece um bom equilíbrio entre a carne de qualidade o alto rendimento de carcaça, e precocidade características essenciais para atender à demanda crescente por carne premium.
O Santa Gertrudis também se destaca no cruzamento tricross, onde a combinação de 50% Santa Gertrudis, 25% Zebu e 25% Europeu resulta em animais de excelente desempenho, com uniformidade nas carcaças e carne com sabor e maciez superiores. A Fazenda Campo Alegre tem experimentado com esse cruzamento e, de acordo com Paulo, os resultados têm sido promissores: “Os animais tricross Santa Gertrudis, com Brahman e Angus, estão mostrando resultados muito bons, tanto na terminação quanto no sabor da carne. O uso do ultrassom de carcaça aqui nos ajuda a alcançar uma padronização interessante, especialmente no tamanho dos cortes.”
Anderson Fernandes, Presidente do conselho técnico da Associação Brasileira da Raça Santa Gertrudis, comentou sobre o papel da raça no cruzamento industrial: “O Santa Gertrudis tem se consolidado como uma opção vantajosa para o cruzamento industrial, principalmente devido à sua capacidade de produzir carne com excelente marmoreio e sabor. Essa adaptação ao cruzamento entre as raças zebuínas e europeias, especialmente para o abate de fêmeas, tem se mostrado eficaz para atender à crescente demanda por carne de qualidade.”
Paulo Guimarães, da Fazenda Campo Alegre, conclui: “Ainda temos mais alguns testes com os animais tricross Santa Gertrudis até 2026. O objetivo é comparar sabor e performance na terminação, e temos grande expectativa de seguir com essa linha genética, pois nosso foco também é oferecer carne com sabor inigualável, que agrade ao consumidor mais exigente”.
Fonte: Agro Agência Assessoria
Mayara Martins